"É falso que sem aquela
ajuda não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários
públicos até final do ano" de 2011, sublinhou o docente e investigador do
Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
Portugal não tinha dinheiro
para "amortizar a dívida pública que vencia nessa altura e a ajuda da
'troika' veio para pagar aos credores, exceto 13 mil milhões de euros"
destinados a "recapitalizar a banca" portuguesa, sustentou o
economista, que falava, esta noite, em Coimbra, num debate promovido pela
Auditoria Cidadã à Dívida Pública Portuguesa (IAC).
"Existem ideias feitas
sobre a dívida" de Portugal que "não correspondem à realidade",
frisou Castro Caldas, considerando que "a maioria das pessoas acredita que
os 78 mil milhões de euros da 'troika' eram para pensões e salários".
Discordando de alguns
participantes no debate, que defenderam que a dívida pública portuguesa não
deve ser paga, Castro Caldas disse que "há uma parte da dívida" que
deve ser paga, designadamente, ao Fundo de Segurança Social, aos pequenos
aforradores que investiram em Certificados de Aforro e à banca portuguesa.
Uma parte da dívida não deve
ser paga, como a que resulta de "contratos ilegítimos" e "a
outra parte deve ser renegociada", advogou.
Olinda Lousã, sindicalista e
membro da IAC, considera, igualmente, que Portugal deve apenas "renegociar
a parte legítima da dívida", mas antes, advertiu, é necessário saber qual
é essa parte e apurar a dívida ilegítima.
"O futuro não se resolve
com esta austeridade cega", salientou.
O músico Manuel Rocha também
entende que a dívida pública deve ser renegociada e de forma a permitir que o
país "possa ter desenvolvimento económico", investindo nas pequenas e
médias empresas e na exportação e "tributando os bolsos onde há dinheiro".
http://www.ionline.pt/dinheiro/jose-maria-castro-caldas-dinheiro-da-troika-nao-foi-pagar-salarios-pensoes
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