Chega a ser confrangedora a insensibilidade de algumas individualidades,
de estratos sociais privilegiados e bafejados pela sorte, perante os dramas que
grande parte da população portuguesa está a viver.
Ainda não há muito tempo Isabel Jonet, presidente do banco
alimentar, permitiu-se “boutades” como: -“ou
vamos a um concerto de rock ou vamos tirar uma radiografia”, e “se não temos dinheiro para comer bifes todos
os dias, não comemos bifes todos os dias . E esse empobrecimento é porque comemos bifes todos os
dias e achávamos que podíamos comer bifes todos os dias e não podemos” e ditos brilhantes como este - “Sou mais adepta
da caridade do que da solidariedade social”.
Outro exemplo desta insensibilidade social foi dada pelo
“senhor banqueiro Fernando Ulrich” que, com a frontalidade que lhe é própria,
não deixa o serviço por mãos alheias. Na tentativa de corrigir, ou melhor,
explicar o significado da expressão “ai aguenta, aguenta”, que proferira anteriormente,
saiu-se pior na emenda que no soneto, não arranjando melhor explicação para a
barbaridade anteriormente proferida do que trazer à colação o sofrimento do povo
grego, - «Se os gregos aguentam uma queda
do PIB de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos iguais, ou não?»
e dos sem-abrigo - «Se você andar aí na
rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode
acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer» como se
isso fosse a coisa mais natural e banal do mundo.
Infelizmente, até tem razão, o povo aguenta. Mas a que
preço?
Para quem tem memória curta, ou anda desinformado,
esquecido, aqui ficam alguns exemplos de que o povo aguenta;
· Os gregos, os judeus, e grande parte dos povos europeus aguentaram a barbárie do nazismo e do fascismo de Hitler e de Mussolini;
· Os povos da URSS e países satélites aguentaram o domínio criminoso de Stalin, de Ceauceusco, de Erich Honecker e de tantos outros;
· “Nuestros hermanos” e vizinhos Espanhóis aguentaram a ditadura de Franco;
· Os cubanos ainda aguentam o regime opressivo de Fidel Castro;
· Muitos portugueses resistiram e aguentaram a tortura e o exílio a que foram submetidos pela PDVE /PIDE / DGS a mando do regime anterior ao 25 de Abril;
· Muitos, em luta pelos seus direitos, aguentaram semanas a fio sem comer, bebendo apenas água.
· Os gregos, os judeus, e grande parte dos povos europeus aguentaram a barbárie do nazismo e do fascismo de Hitler e de Mussolini;
· Os povos da URSS e países satélites aguentaram o domínio criminoso de Stalin, de Ceauceusco, de Erich Honecker e de tantos outros;
· “Nuestros hermanos” e vizinhos Espanhóis aguentaram a ditadura de Franco;
· Os cubanos ainda aguentam o regime opressivo de Fidel Castro;
· Muitos portugueses resistiram e aguentaram a tortura e o exílio a que foram submetidos pela PDVE /PIDE / DGS a mando do regime anterior ao 25 de Abril;
· Muitos, em luta pelos seus direitos, aguentaram semanas a fio sem comer, bebendo apenas água.
Talvez por falta de “Memória” o “senhor banqueiro Fernando Ulrich” esqueceu-se de os referir na sua explicação do significado de “ai aguenta, aguenta”.
Mais exemplos haveria mas, por aqui me fico, tentando, ainda
que a contra gosto, fazer o esforço de “aguentar” os “Ulrichs” e seus
apaniguados que, infelizmente, vão continuar a poluir com os seus disparates
este Portugal onde, contra ventos e marés, queremos continuar a viver.