sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ACONTECEU ENTRE 1643 E 1715...



Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então, como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
(Recebido por Email)

AS PRAXES

Como diria o saudoso Vasco Santana “praxes há muitas seus palermas”


Vem isto a propósito do muito que se tem falado, a favor e contra a existência de praxes nas universidades e politécnicos.
Os que defendem a proibição alegam que será o único meio de acabar com práticas fascistas e que aviltam contra a dignidade dos estudantes.
O que a defendem alegam que estamos perante uma tradição que tem muitos anos de existência. Referem ainda que muito do que se apresenta como sendo “Praxes” não passam de atropelos à lei, devendo por isso ser considerados como “casos de polícia”, que as forças da ordem e os tribunais deverão tratar e punir sempre que se verifiquem abusos.
A verdadeira praxe, segundo os seus defensores, não passa de brincadeiras inofensivas com o intuito de melhor integrar no seio estudantil os jovens recém chegados à Universidade.
Uns e outros terão as suas razões e admito que todos os pontos de vista deverão ser tratados e estudados no sentido de se encontrar uma solução equilibrada que possa se aceite, se não por todos, ao menos por uma larga maioria dos intervenientes.

Dito isto gostaria de chamar a atenção para o que tem acontecido, nos casos de evidente abuso sobre alunos, que de modo mais ou menos voluntário, dão o seu consentimento a ser praxados. Pelo que vamos vendo as humilhações e eventualmente a morte de estudantes, como aconteceu no caso do Meco, acaba por ter origem na denominada “Praxe” ainda que consentida e aceite.
Pergunto será que Sociedade, a Universidade, o Estado devem aceitar este estado de coisas em nome de uma tradição?
Outro aspecto que me causa algum espanto é o facto de os cargos de topo serem ocupados por pessoas, que se dizem estudantes, mas que para tirar um curso levam anos e anos de matriculas na Universidade, gastando não só o dinheiro dos pais mas também o dinheiro dos nossos impostos, sem que dai advenha qualquer beneficio para a sociedade.

Na verdade, se estas atitudes não são praxes no dizer dos defensores das mesmas, a facto é que na sua génese estão sempre ou quase sempre os elementos destacados na hierarquia e que deveriam supervisionar se as normas estabelecidas são efectivamente cumpridas.


É evidente que abusos sempre os houve e por decreto dificilmente poderão ser completamente eliminados, mas em ultima análise, se as praxes não existissem, muitos destes acontecimentos trágicos pura e simplesmente nunca teriam ocorrido.