segunda-feira, 25 de maio de 2015

Jacarandás floridos e afídeos na Cidade


Nesta época do ano as árvores que povoam as nossas cidades, pujantes de verdura e cores, são uma fonte de beleza que alegra quem por lá anda.
De entre as mais bonitas merecem destaque os Jacarandás (Jacaranda mimosaefolia) floridos.
Infelizmente, como diz o provérbio, “não há bela sem senão” e com frequência estas bonitas árvores são atacadas por afídeos (piolhos) que ao excretarem as suas meladas deixam na calçada, por debaixo das suas copas, uma substancia viscosa que se cola aos pés de quem passa, bem como aos vidros e carroçarias das viaturas ai estacionadas.
Acontece que por imperativos legais actualmente, não obstante as diligencias efectuadas pelos técnicos de alguns municípios algarvios, não é possível aplicar insecticidas que combatam estes insectos nas árvores em causa.
Sabemos que é necessário tomar cuidados com os fitofarmacos e que a sua aplicação sem regras, nomeadamente nas cidades, pode causar problemas que podem afectar a saúde dos transeuntes.
No caso presente, ao que julgamos saber, a situação tem mais a ver com burocracias, de quem tem que decidir e não decide em tempo oportuno, razão pela qual aqui deixamos um alerta no sentido de resolver este assunto de modo a que possamos desfrutar das nossas árvores sem os inconvenientes atrás descritos.

Lisboa paga a traidores



Em 2014 o Governo conseguiu aquilo que durante anos foi a suaúnica obsessão: conseguir a "saída limpa" do programa de assistênciafinanceira.

Com a "saída limpa" distanciava-se da Grécia e juntava-se à Irlanda, reforçava a sua imagem de competência e conseguia o argumento de que tanto precisava para justificar aos portugueses o porquê de todos os sacrifícios impostos - alguns deles muito para lá do que a Troika exigia. Chegou mesmo a inventar um relógio que contava as horas, os minutos e os segundos que faltavam para que Portugal recuperasse a independência.
Para ter sucesso o Governo acreditava que era essencial que o caso BES não rebentasse antes da data do fim do resgate. Se o maior banco privado português, o único que até à data não tinha precisado da ajuda do Estado para atravessar a crise, colapsasse antes da Troika abandonar Lisboa, isso iria prejudicar a perceção de risco do país. Tornaria mais difícil a saída "limpa" e, se assim fosse, o desejado sucesso não podia ser reclamado. Para Passos Coelho e Maria Luís era fundamental adiar a queda do BES.
Foi neste caldo que, comandado por Ricardo Salgado, o BES esticou totalmente a corda ao violino, "obrigando" o Governo, o Presidente da República e o Banco de Portugal - a quem cabiam as tarefas de supervisão - a assobiar para o lado até que o FMI levantasse voo da Portela.
Quando muitos já sabiam que caía de podre o reino de Salgado, o Banco de Portugal (BdP) autorizava, com a conivência pública de Cavaco e do Governo, a emissão de mais mil milhões de euros de papel comercial com o qual muitos investidores particulares foram enganados, alguns perdendo todas as suas poupanças.
Milhares de portugueses foram tratados como "danos colaterais", porque Carlos Costa, governador do BdP, responsável por "garantir a segurança dos depósitos e dos depositantes e a proteção dos interesses dos clientes", traiu o seu compromisso público e prestou-se a um papel indigno e deplorável.
Mais tarde, a comissão parlamentar que investigou o caso e que foi aplaudida por todos - oposição, governo, ministra das finanças, comentadores e opinião pública - confirma isto mesmo em relatório.
Há partes que vale a pena transcrever - "O Banco de Portugal foi "excessivamente prudente" nas soluções para o BES (...) teve um esforço "insuficiente" para evitar intervenção pública no BES (...) uma atitude porventura mais assertiva da parte do Banco de Portugal, ainda que com outro tipo de riscos envolvidos, poderia ter conduzido a uma antecipação e eventual diminuição dos impactos decorrentes da situação vivida no GES e no BES, bem como do modo como esta se desenvolveu, particularmente ao longo do ano de 2014."
Foi o próprio Passos Coelho quem disse aos deputados, já no âmbito da comissão parlamentar: "Era ao BdP que competia a supervisão e a responsabilidade pela estabilidade do sistema financeiro, pelo que o Governo apenas se pronunciou tendo por base o que lhe foi comunicado por aquela autoridade de supervisão".
Carlos Costa deu informações erradas. Carlos Costa enganou o Governo e o Presidente. Carlos Costa traiu os seus compromissos. A culpa é dele: todos disseram em uníssono.
Mas agora o primeiro-ministro quer reconduzir o governador para mais cinco anos de mandato. Terá mudado de opinião? Não. É apenas o reconhecimento público por serviços prestados ao Governo.
"Mesmo que o processo acabasse na decisão de substituir o governador, Passos Coelho nunca o iria criticar na praça pública", disse sábado ao Expresso (fonte governo, "Não ficaria bem estar a enterrá-lo, quando é ele que está a conduzir a venda do Novo Banco". Além de que arrasar a imagem do governador seria reconhecer que toda a condução do caso BES foi um desastre. Passos quer provar o contrário: que Carlos Costa teve "um papel importantíssimo na gestão do processo".
Teve mesmo. Como fica demonstrado. Em questões de traição há sempre uns que mentem e outros que choram - neste caso, choram os investidores que Carlos Costa traiu pela forma como geriu o caso BES.

É assim: Lisboa a pagar a traidores.

A Traição nunca triunfa. Qual o motivo? Porque, se triunfasse, nunca mais ninguém ousaria chamar-lhe traição - Sir John Harlington (1561-1612 ) inEpigrams of Treason

(Jornal de Notícias - 25.05.2015 JOSÉ MANUEL DIOGO)