segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O POÇO DA MORTE

Feira da Praia, Vila Real de S. António, jogava selecção contra a Hungria.
A componente feminina foi dar uma volta pelas "Barracas" e o meu João quis dar umas voltas nos "Carrinhos de Choque". Fui com ele.
Enquanto esperava ia espreitando o jogo, que corria bem para nós, e pensando que tudo aquilo (a feira) estava visto e revisto sem interesse de maior, com o agravante do barulho ser mais que muito.
Acabado o jogo, feliz pela nossa vitória, voltamos a deambular de um lado para e demos connosco frente ao "POÇO da MORTE".

http://www.youtube.com/watch?v=qdoJOzpPygMv=qdoJOzpPygM
Há mais de 20 anos que não via tal espectáculo. O meu João ainda não tivera oportunidade assistir.
Para minha surpresa quando lhe disse se queria ir ficou entusiasmado e lá fomos.
Enquanto esperávamos, o "Zé Martins" de Tavira , ia fazendo a propaganda ao espectáculo - "Um artista com 79 anos e um carro formula 1 com motor BM "Dabla".
Subimos, lá no fundo duas motos mais que usadas e uma carroçaria de carro com motor e chapa ainda mais velha.
Iniciou o espectáculo o artista mais novo, 30 -35 anos, que dá umas voltas e põe alguma emoção na assistência, que bate palmas.
Em baixo o velho assistia. Pensávamos nós estava ali para dar apoio, ajudando nalguma eventualidade.
Mas não, logo de seguida pega numa das motos, faz o motor roncar e acelera ao longo da estrutura de madeira em curvas rasantes à parte superior do Poço, num espectáculo de muita emoção especialmente para os mais novos que recuavam e procuravam proteger-se receando que a moto lhes caísse em cima.
Depois correram os dois, o velho e o moço, fazendo círculos rasantes um ao outro e cada vez mais próximos da parte superior do poço.
Finalmente, o velho, só ele de novo, volta a acelerar roncando a moto, retira uma bandeira portuguesa, cobre a cara com ela e, de braços abertos, dá 3 ou 4 voltas ao poço quase provocado o pânico na assistência menos prevenida e informada do que é este espectáculo.
Terminou com o velho, sempre ele, a dar 9 ou 10 voltas com o carro, fazendo estremecer a estrutura que parecia não aguentar o impacto.
O meu João adorou, não parava de dizer - Pai viste um senhor com 79 anos ainda com tanta genica e ainda tão radical.
Eu próprio, que na minha juventude assistia sem grande interesse a estes espectáculos, fiquei maravilhado, e dei por mim a pensar que estes artistas deviam ser apoiados, é arte popular no verdadeiro sentido, que dentro de meia dúzia de anos vai deixar de aparecer. Tal como os circos, onde agora querem proibir os animais perigosos, e outras actividades semelhantes será muito difícil sem ajudas, nas condições actuais , a sua sobrevivência neste mundo globalizado em que se compra tudo feito, estandartizado.
Os Municípios que no Verão gastam rios de dinheiro em espectáculos que nada acrescentam à nossa cultura bem podiam nestas ocasiões dar o seu apoio, promovendo e divulgando estas acções.
13/10/09

AJGR

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