sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

AS PRAXES

Como diria o saudoso Vasco Santana “praxes há muitas seus palermas”


Vem isto a propósito do muito que se tem falado, a favor e contra a existência de praxes nas universidades e politécnicos.
Os que defendem a proibição alegam que será o único meio de acabar com práticas fascistas e que aviltam contra a dignidade dos estudantes.
O que a defendem alegam que estamos perante uma tradição que tem muitos anos de existência. Referem ainda que muito do que se apresenta como sendo “Praxes” não passam de atropelos à lei, devendo por isso ser considerados como “casos de polícia”, que as forças da ordem e os tribunais deverão tratar e punir sempre que se verifiquem abusos.
A verdadeira praxe, segundo os seus defensores, não passa de brincadeiras inofensivas com o intuito de melhor integrar no seio estudantil os jovens recém chegados à Universidade.
Uns e outros terão as suas razões e admito que todos os pontos de vista deverão ser tratados e estudados no sentido de se encontrar uma solução equilibrada que possa se aceite, se não por todos, ao menos por uma larga maioria dos intervenientes.

Dito isto gostaria de chamar a atenção para o que tem acontecido, nos casos de evidente abuso sobre alunos, que de modo mais ou menos voluntário, dão o seu consentimento a ser praxados. Pelo que vamos vendo as humilhações e eventualmente a morte de estudantes, como aconteceu no caso do Meco, acaba por ter origem na denominada “Praxe” ainda que consentida e aceite.
Pergunto será que Sociedade, a Universidade, o Estado devem aceitar este estado de coisas em nome de uma tradição?
Outro aspecto que me causa algum espanto é o facto de os cargos de topo serem ocupados por pessoas, que se dizem estudantes, mas que para tirar um curso levam anos e anos de matriculas na Universidade, gastando não só o dinheiro dos pais mas também o dinheiro dos nossos impostos, sem que dai advenha qualquer beneficio para a sociedade.

Na verdade, se estas atitudes não são praxes no dizer dos defensores das mesmas, a facto é que na sua génese estão sempre ou quase sempre os elementos destacados na hierarquia e que deveriam supervisionar se as normas estabelecidas são efectivamente cumpridas.


É evidente que abusos sempre os houve e por decreto dificilmente poderão ser completamente eliminados, mas em ultima análise, se as praxes não existissem, muitos destes acontecimentos trágicos pura e simplesmente nunca teriam ocorrido.

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