Como diria o saudoso Vasco Santana “praxes há muitas seus
palermas”
Vem
isto a propósito do muito que se tem falado, a favor e contra a existência de
praxes nas universidades e politécnicos.
Os
que defendem a proibição alegam que será o único meio de acabar com práticas
fascistas e que aviltam contra a dignidade dos estudantes.
O
que a defendem alegam que estamos perante uma tradição que tem muitos anos de
existência. Referem ainda que muito do que se apresenta como sendo “Praxes” não
passam de atropelos à lei, devendo por isso ser considerados como “casos de polícia”,
que as forças da ordem e os tribunais deverão tratar e punir sempre que se
verifiquem abusos.
A
verdadeira praxe, segundo os seus defensores, não passa de brincadeiras
inofensivas com o intuito de melhor integrar no seio estudantil os jovens recém
chegados à Universidade.
Uns
e outros terão as suas razões e admito que todos os pontos de vista deverão ser
tratados e estudados no sentido de se encontrar uma solução equilibrada que possa
se aceite, se não por todos, ao menos por uma larga maioria dos intervenientes.
Dito
isto gostaria de chamar a atenção para o que tem acontecido, nos casos de
evidente abuso sobre alunos, que de modo mais ou menos voluntário, dão o seu
consentimento a ser praxados. Pelo que vamos vendo as humilhações e
eventualmente a morte de estudantes, como aconteceu no caso do Meco, acaba por
ter origem na denominada “Praxe” ainda que consentida e aceite.
Pergunto
será que Sociedade, a Universidade, o Estado devem aceitar este estado de
coisas em nome de uma tradição?
Outro
aspecto que me causa algum espanto é o facto de os cargos de topo serem
ocupados por pessoas, que se dizem estudantes, mas que para tirar um curso
levam anos e anos de matriculas na Universidade, gastando não só o dinheiro dos
pais mas também o dinheiro dos nossos impostos, sem que dai advenha qualquer
beneficio para a sociedade.
Na
verdade, se estas atitudes não são praxes no dizer dos defensores das mesmas, a
facto é que na sua génese estão sempre ou quase sempre os elementos destacados
na hierarquia e que deveriam supervisionar se as normas estabelecidas são
efectivamente cumpridas.
É
evidente que abusos sempre os houve e por decreto dificilmente poderão ser
completamente eliminados, mas em ultima análise, se as praxes não existissem,
muitos destes acontecimentos trágicos pura e simplesmente nunca teriam
ocorrido.
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