Em
Inglaterra, a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma moeda (uma chapa) a
cada cliente que faz compras acima de um determinado valor.
O
cliente, à saída, tem, normalmente, três caixas, cada uma em nome de uma
instituição social sediada no município, para receber as referidas moedas, de
acordo com a opção do cliente.
Periodicamente,
são contadas as moedas de cada caixa e a empresa entrega em dinheiro, à
respectiva instituição, o valor correspondente, donativo esse que, diminui os
seus lucros mas, também, tem o devido tratamento em termos de fiscalidade.
Em
Portugal, infelizmente, a realidade é outra. As campanhas de solidariedade são
suportadas pelo doador mas não chegam na totalidade às instituições a que
supostamente se destinavam. Uma boa parte vai logo para o estado sob a forma de
impostos e outra, não menos importante, vai para as empresas que colaboram nas
campanhas. Esta colaboração, ao contrário do que se poderia esperar, não é graciosa
nem as referidas entidades (Empresas de comunicações, Cadeias de Hipermercados,
Televisões e outras.) prescindem do lucro obtido com a venda dos produtos doados
pelos seus clientes.
Para
que todos percebam vejamos dois exemplos do que acabamos de relatar.
1
– Campanha de solidariedade para as vítimas do temporal que no passado assolou
a Madeira que, segundo consta, atingiu cerca de 2 milhões e 880 mil euros
- Porque é que os
madeirenses receberam 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando
o que foi doado eram 2 milhões e 880 mil €?
- Para onde foi esta
"pequena" parcela de 880.000,00 €?
Quem
ficou com esta diferença?
- PT com 0,10 €
(17%) isto é a diferença dos 0,50 € para os 0,60 €.
- Estado com 0,138 €
(23%) referente ao IVA sobre 0,60 €
A
RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado atingiu os
2.000.000,00 € mas esqueceu-se de dizer
que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 € divididos entre a
PT (400.000,00 €) e o Estado (480.000,00 €)
A
PT cobra comissão de quase 20% num acto de solidariedade e o Estado faz incidir
IVA sobre um produto da mais pura generosidade.
2
– Em Dezembro de 2012 decorreu uma
acção, louvável, do programa da luta contra a fome. A
recolha em hipermercados, segundo os telejornais, foi cerca de 2.644 toneladas
de alimentos.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado um produto para doar e se
esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), o total pago nas
caixas dos hipermercados foi de 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois
mil euros).
Quem
lucrou?
- Estado: 304.000,00
€ (supondo que o IVA é a 23%)
- Hipermercado:
396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%).
Antes
desta notícia me chegar via E-mail nunca tinha reparado e, tal como eu, a
maioria de nós também não repara mas, como vemos, quem mais beneficia com estas
campanhas nem sempre são os que, de forma abnegada e desinteressada procuramos
ajudar.
Não
obstante esta chamada de atenção consideramos que estas campanhas são positivas
sendo igualmente de louvar os milhares de voluntários que nelas participam.
Sem comentários:
Enviar um comentário