terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Num País Sem Lei nem Roque, salve-se o Carnaval

“Pais Sem Lei nem Roque”? É o que apetece perguntar perante situações, aparentemente não relacionadas, mas que mostram o estado de desorientação e fraqueza a que chegou a autoridade do Estado perante os diferentes organismos, todos eles dependentes e pagos com o dinheiro gerado pelos nossos impostos, mas que se outorgam de autonomia, que se sobrepõe à legislação / recomendações emanadas do governo legalmente empossado para a governação do país.

Apenas quatro exemplos, dos muitos referidos na comunicação social, que vão contribuindo para  o avolumar da situação descrita.

1- O Senhor governador do Banco de Portugal, ao contrário do governo, acha que não deve cortar os subsídios de Férias e Natal dos seus funcionários. Diz o Senhor governador que isso afectaria a sua autonomia e independência em relação ao governo, de quem depende e que, em ultima análise, lhe permite obter dividendos para o funcionamento do organismo que superiormente dirige;

2- O Governo de Portugal entende que todos os organismos públicos deverão implementar o novo acordo ortográfico. Vasco Graça Moura, recentemente empossado na direcção do Centro Cultural de Belém, não concorda com esta recomendação. Logo manda retirar o "Lince" de todos os computadores do CCB pois entende que este corrector ortográfico se torna desnecessário, uma vez que não vai aplicar o referido acordo. O organismo que superiormente dirige tem autonomia para o fazer e não depende directamente do governo que o nomeou;

3- Alberto João Jardim, Presidente do Governo na Madeira, região autónoma integrante da Nação Portuguesa, vai dar tolerância de ponto na terça-feira de Entrudo em todos os serviços, institutos e empresas públicas sob a tutela do executivo madeirense e ainda, nas mesmas entidades públicas, na parte da manhã da quarta-feira seguinte. Está no seu direito, tem autonomia e não depende directamente do governo português;

4- Vários presidentes de Câmara declararam igualmente que não concordam com a imposição do governo ao não permitir a tolerância de ponto no dia de Entrudo para os funcionários públicos. Logo não vão cumprir esta recomendação, permitindo assim a tolerância de ponto dos funcionários que deles dependem. Também eles têm esse direito, tem autonomia e não dependem directamente do governo português;

Felizmente estamos no Carnaval, e como é costume dizer-se “ nesta altura ninguém leva a mal” este estado de coisas, por mais aberrantes que possam parecer.
Assim sendo resta-nos sorrir e aproveitar a quadra para alegremente festejar e brincar ao Entrudo evitando, depressões e estados de alma que em nada iriam contribuir para a felicidade deste povo “à beira mar plantado”.

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